terça-feira, 29 de março de 2011

Aquecimento global

Aquecimento Global
Já existem provas cientificas mais do que suficientes para constatar que nosso planeta passa por um rápido processo de aquecimento como resultado direto da ação antropogênica [efeito ambiental de causa humana].
Diversas publicações oferecem bases técnica e cientifica para compreensão das mudanças climáticas. Dentre elas citamos e recomendamos:
Climate Change Infomation Kit, publicado por United Nations Environment Programme (www.unep.org) e United Nations Climate Change Secretariat (www.unfccc.de), outubro de 2001;
Cimate change – scientific background and process, Center for International Climate.
Por muito tempo isto foi convenientemente minimizado, mas está escapando de nosso controle.
Os ecossistemas [conjunto de seres vivos e seu ambiente] estão sob enorme pressão e as mudanças climáticas pioram o problema.
O que é aquecimento global? Em termos mais genéricos podemos dizer que o aquecimento global é o aumento do efeito estufa pela ação humana. O efeito estufa [aquecimento da atmosfera terrestre em razão de gases que retém os raios infravermelhos da luz solar] é um fenômeno natural que mantém as temperaturas médias do planeta, que seria muito mais frio do que o suportável para a vida como conhecemos.
O efeito estufa permite que a temperatura média do planeta seja próxima de 15° C. Sem este efeito, a maior parte do calor escaparia para o espaço fazendo com que a temperatura média estivesse em torno de – 15° C.Nosso planeta já passou por diversas modificações climáticas, sendo que algumas delas causaram extinções maciças. O efeito estufa é um fenômeno natural, assim como as mudanças climáticas que já ocorreram.
Ao longo da história geológica de nosso planeta intercalam-se períodos glaciais e interglaciais [período entre duas glaciações], como o atual período interglacial já dura cerca de 10 mil anos, sendo um processo cíclico normal. O problema atual está no fato de que a ação humana vem aumentando os chamados gases estufa acelerando um processo de mudanças climáticas que pode alterar gravemente todos os ecossistemas do planeta.
Os gases estufa (gás carbônico, metano, diversos CFC’s – clorofluorcarbonos e óxido nitroso, dentre outros) são assim chamados porque permitem que a luz solar atravesse a atmosfera e impedem que o calor escape para o espaço, da mesma forma que uma estufa. A capacidade de impedir a dispersão do calor depende da concentração destes gases, logo quanto maior a sua concentração maior o aquecimento.
Principais Gases Estufa
Dióxido de Carbono – CO2 – 76%
Metano – CH4– 13%
Óxido de Nitroso – N2O – 6%
CFCs – CCIF2- 5%
[fonte – Lanshof et al. in “Policy Options for Stabilizing Global Cimate”, US EPA, Washington, DC, 1990] demonstramos as principais fontes/contribuições para o aumento do efeito estufa.
Derretimento das geleiras e dos pólos, aumentando o nível dos oceanos. Com o aumento do nível dos oceanos desapareceriam alguns países insulares (como Tuvalu, no Oceano Pacífico, cuja população será absorvida pela Nova Zelândia, conforme tratado já assinado) com o avanço do oceano em diversas áreas costeiras do planeta. Os lençóis freáticos e aquíferos [corpos de rocha porosa que atuam como área de armazenamento natural para os lençóis freáticos] costeiros serão afetados pela salinização.
Estima-se que o nível médio global do mar já subiu pelo menos 10 cm no último século e pode subir mais 50 cm até 2100. Para um país quase ao nível do mar como Bangladesh, que já é frequente vítima de inundações e furacões, isto pode ser catastrófico.
Estudos realizados pela U.S. Environmental Protection Agency (a Agencia de Proteção Ambiental dos EUA), com base em estudos matemáticos, indicam sérios impactos no Golfo do México e na Flórida, de acordo com o mapa apresentado in J.G. Titus e C. Richman, 2000, “Maps of Lands Vulnerable to Sea Level Rise: Modeled Elevations Along the US Atlantic and Gulf Coasts”:
Ao mesmo tempo, o aumento da temperatura dos oceanos aumentaria a frequência e a potência de tempestades, ciclones e furacões, sem falar da potenciação de efeitos como do fenômeno El Niño [(1) Fenômeno da inversão das correntes do Pacífico Equatorial e que pode ser verificado na época próxima ao Natal].
 O aumento da temperatura altera o ciclo das chuvas em diversos continentes, porque o ciclo de evapo-transpiração [evaporação da água mais a transpiração das plantas] será acelerado. Em uma região pode ocorrer um aumento das chuvas, agravando a intensidade da temporada de enchentes, furacões, tufões e nevascas. Ao mesmo tempo, outras regiões podem estar submetidas a vigorosas secas, com índices pluviométricos inferiores ao que seria normal na mesma época e estação do ano.
Estes efeitos de fato ocorreram em 1988, 2001 e 2002, de acordo com a OMM, os anos mais quentes em um século. Acho interessante transcrever matéria publicada no Jornal O Globo de 19 de dezembro de 2002.
ONU diz que 2002 é o segundo ano mais quente registrado na História ”GENEBRA. O ano de 2002 é o segundo mais quente desde 1860 (quando se iniciaram os registros de temperatura), disseram ontem cientistas das Nações Unidas. Segundo eles, as medições feitas este ano mostraram que aumentou o padrão de aceleração do aquecimento global — relacionado às emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. O ano mais quente foi 1998, segundo a ONU A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU, disse que 1998 continua sendo o ano mais quente já registrado, mas informou que 2002 ganhou de 2001 o posto de segundo mais quente. Os dez anos com as mais elevadas temperaturas já registradas ocorreram todos depois de 1987, sendo nove desde 1990.
Rio, 19 de Dezembro de 2002.
Os 20 maiores emissores de dióxido de carbono

País
Emissão total (1000 t de C)
Emissão per capita (t/capita)
Emissão total x per capita (ranking)
Crescimento (in %, 1990-96
EUA
1.446.777
5.37
(1)
(9.9)
China
917.997
0.76
(18)
40.0
Federação Russa
431.090
2.91
(6)
-19.2 (desde 1992)
Japão
318.686
2.54
(9)
9.1
Índia
272.212
0.29
(20)
47.7
Alemanha
235.050
2.87
(7)
-12.2
Reino Unido
152.015
2.59
(8)
-1.1
Canadá
111.723
3.76
(4)
-0.1
Coréia do Sul
111.370
2.46
(11)
69.2
Itália
110.052
1.92
(13)
1.1
Ucrânia
108.431
2.10
(12)
-37.0
França
98.750
1.69
(15)
2.4
Polônia
97.375
2.52
(10)
2.6
México
95.007
1.02
(17)
18.0
Austrália
83.688
4.63
(2)
15.3
África do Sul
79.898
1.88
(14)
0.6
Brasil
74.610
0.46
(19)
34.9
Arábia Saudita
73.098
3.88
(3)
51.2
Irã
72.779
1.04
(16)
25.6
Coréia do Norte
69.412
3.09
(5)
4.0


Os países vão ter que diminuir bruscamente a emissão de gases poluidores, para que o planeta possa se recuperar, lógico que esses países sofreram na economia, mas nesse caso é melhor sofrer economicamente.
Frequentemente dizemos ou ouvimos compromissos para salvar o planeta. Lamento, mas não podemos salvar o planeta, porque nosso ego antropocêntrico não está à altura da tarefa. Nosso planeta já passou por incontáveis processos de mudanças climáticas naturais e pelo menos três grandes eventos de extinção maciça. De um modo ou de outro a natureza retomou o processo da vida.
Estamos gerando processos não naturais que levarão o planeta a um novo processo de mudança radical, tal como já aconteceu antes por razões naturais. Estudos demonstram que ocorreram, pelo menos, dois grandes eventos de extinção maciça. Há 250 milhões de anos cerca de 90% da vida foi extinta e há 65 milhões, quando desapareceram os dinossauros, a extinção foi estimada em 60%.
Se nossa irresponsabilidade continuar, acabaremos com a natureza tal como ainda conhecemos. Mas a história do planeta demonstra que a natureza encontrará uma alternativa.
Pena que nossa espécie e muitas outras não estarão aqui para presenciar.